Mesmo os amores mal fadados, apesar de todos os seus descasos, ainda que você sofra e incessantemente remoa, vale à pena. Há beleza nessa insensatez, nessa loucura de sentir milhares de coisas de uma só vez. Em algum momento há algo bom, principalmente naqueles momentos em que imagina e se delícia com a ideia de todas essas coisas serem recíprocas; naqueles dias em que tudo parece indicar o acerto de todas as expectativas. Ainda que nada seja verdade, que no final tudo se reduza à mágoa e saudade, vale à pena. Há beleza nessa insensatez, nessa loucura de sentir milhares de coisas de uma só vez, porque esses pequenos momentos bons passam rápido, mas perduram apesar de toda negação. E eles dão algum significado a toda essa busca, a toda essa tentação e, no final das contas, os amores mal fadados são os grandes geradores de um tipo único e inestimável de motivação. Vale à pena, porque insistir em dizer não?

E isso me leva a dizer: Meu nome é Thayná e eu carrego o peso de inúmeros amores mal fadados. No florescer da adolescência, depois do meu primeiro amor efusivo, tentei me convencer de que fugir disso seria a melhor opção. Eu cresci um pouco mais e percebi como há beleza até nas ruínas. Os seres humanos são tão sujos que apodrecem e sujam a terra quando morrem, mas também alimentam o solo ao fazer isso. Amar geralmente ocasiona dor e algum punhado de agonia e sofrimento, mas causa muitas coisas bonitas também. Há quem diga que esse ponto de vista significa apenas que colocamos flores nas feridas.

Quando se trata do amor, a espera é superestimada, mas só na teoria. Na prática, tudo é mais complicado, muitas vezes os sentimentos são desperdiçados e ainda que você siga em diante, fingindo e tentando se convencer de que não existem laços com o passado, há o peso de um velho questionamento. Haverá uma volta? A dificuldade que esse questionamento traz acaba sendo subestimado e você se põe a pensar em como tudo isso é apenas um lapso do passado, sempre fingindo e tentando se convencer de que não existem laços. Eu li algo muito sábio há um tempo, dizia que quando crianças, ao perdemos um dente, não é exatamente falta do dente que sentimos e sim do sorrio “completo”. Conforme vamos crescendo, descobrimos algumas verdades desse tipo. 
Nunca gostei de me arrepender e por isso sempre busquei certeza no que queria. E nem sempre as pessoas tem certeza, na verdade, raramente elas têm. Desde que aprendi a ver beleza até mesmo nos amores mal fadados, nunca mais fugi de sentir. Hoje me peguei sentindo medo, medo da perda, do abandono, da ideia de ter que colher flores e enfeitar minhas feridas; sobretudo, medo de sentir falta do “sorriso completo”. Medo de ser covarde o suficiente quando descobrissem as cicatrizes – depois que as flores já tivessem murchado – e dizer que não é nada, que eu queria mesmo amolecer o dente até ele cair.


Hoje eu me pergunto quem foi que te deu o direito de entrar na minha vida, me permitindo imaginar as próximas semanas, meses e uma vida inteira em sua companhia. Quem foi que te deu o direito de invadir meus sonhos? De me causar saudades? Quem foi que te deu o direito de me fazer corar, de me sentir em paz e querer ficar? Porque não me impediu de dizer que gostaria de te ver outra vez? Por quê? Porque não me disse que não queria fazer parte dos meus rabiscos e das minhas histórias? Quem te deu o direito de me convencer de que ficaria? Quem foi que te deu o direito de me fazer conhecer a sensação do sorriso completo? É eu sei. Quem te deu esse direito fui eu. E você. É por isso que carrego o peso de inúmeros amores mal fadados, não só os meus singelos amores efusivos, mas os seus também. Carrego os meus, os seus e de todos aqueles que sentem falta do sorriso completo agora. 






24 Comentários

  1. Gostei bastante do seu texto Thay, bem bonito. Bjs Bia

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    1. Fico feliz por ter gostado do texto, Bia. <3 Beijos

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  2. Amei o texto e concordo bastante com o final. Mesmo sem querer, acabamos carregando um pouco dos relacionamentos passados

    http://www.bilhetedagarrafa.com.br

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    1. Fico realmente feliz por ter gostado. E sim, é verdade, carregamos um pouco sobre cada pessoa e situações que vivemos, nem sempre por escolha. Beijos, obrigada pelo comentário. <3

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  3. Awesome post! I like it :)

    http://whalespa.net

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  4. Amei o post, você escreve muito bem!
    Já estou seguindo o seu blog :)
    Beijos linda
    http://www.miissperfection.com/

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    1. Fico feliz por ter gostado. <3 Obrigada pela atenção, beijos!

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  5. Todos somos reis e rainhas de ruínas.
    Linda texto Thayná!

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    1. De fato, vivemos em ruínas e a melhor coisa a se aprender sobre isso, é ver beleza nelas também. Fico feliz por ter gostado, obrigada pela atenção. <3

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  6. Amei seu texto *-*
    Bjnhs
    http://karoline-o-meu-melhor.blogspot.com.br/2015/03/tag-meu-blog-e-eu.html

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  7. Adorei o texto. É muito difícil conviver assim, mas faz parte. Bjs

    http://www.mayaravieira.com.br/

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    1. Fico feliz por ter gostado! É difícil mesmo, mas nada que o tempo não ajeite, né? Beijos <3

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  8. Nossa, desculpa, amiga. Não consegui nem terminar, apertou o coração e a saudade. Acabei de terminar um relacionamente de 3 anos… E quando se toca no assunto amor… Como dói. ;/ Desculpa, viu. Espero que me entenda.

    Te adoooro <3

    http://www.teoremadabeleza.com

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    1. Entendo perfeitamente e espero que você esteja conseguindo lidar com isso. Tenha força e depois use essas experiências para algo bom. Quem sabe não poderia escrever sobre isso? Beijos e obrigada pela atenção <3

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  9. Me identifiquei demais com seu texto.
    Linda história, linda reflexão e linda forma de se expressar.
    Você escreve muito bem.

    http://drawnwings.blogspot.com

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  10. Fico feliz por você ter gostado. Obrigada pelos elogios, de verdade. Passe sempre por aqui, viu? Beijos <3

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  11. Que belo texto! Tão sensível. <3
    beijos.
    http://lugaaraosol.blogspot.com.br/

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  12. Você escreve muito bem, sério! Parabéns meeeesmo!
    E, de novo, super concordo. But, what doesn't kill you, makes you stronger. Go hard or go home!

    http://bahlopes.com.br

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