Eu não sou a Thayná, mas venho trazer um texto dela. Ela está com alguns problemas técnicos, mas me enviou um texto que escreveu recentemente. Espero que gostem. ^^

Você levou os móveis e deixou a sua ausência.

A mulher da minha vida me deixou e sobre essa não deve haver julgamentos. As pessoas se vão, afinal, na vida há muitos tormentos. O fardo estava pesado e eu fazia parte dele, por isso entendo sua partida, por isso agora levo a vida de maneira tão mesquinha. Continuo lavando a louça, mas não consigo me livrar da amargura. Não sei os dias e horas certas para por o lixo na rua, lavo as minhas roupas, mas não consigo criar coragem para dobrá-las, esvazio os nossos cinzeiros e eles se enchem tão rápido... Desde que você se foi, eu fumo dois ou seis cigarros seguidos, não há ninguém para reclamar, dois dias após a sua partida, troquei o criado mudo pelo frigobar. Agora só consigo me lembrar que você me presenteou com duas calças antes de ir, disse que agora dependeria apenas de mim... Que falta me faz o seu silêncio, as suas contas rabiscadas nos papéis pela casa, as suas reclamações sobre o meu descaso e até suas insistências para que eu quisesse ser alguém na vida, seus esforços para que eu quisesse a vida. Você pediu para que eu não me tornasse alcoolatra, que não sofresse muito pois isso te preocuparia, mas como eu poderia se fui parte do fardo que resultou em sua partida? Sim, agora vivo dessa maneira mesquinha, acumulando latas e garrafas de cerveja, maços e maços de cigarros, fazendo tudo o que você me impediria. Eu só não sabia que sentiria o dobro de solidão que imaginava ao te observar guardando as malas no táxi de maneira tão decidida.


4 Comentários

  1. Que texto bonito, mas triste ao mesmo tempo...
    Estou passando por esse momento onde a pessoa vai e mesmo assim fica dentro de você.

    Beijos, www.cantinhob.com

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  2. Que texto lindo e triste. <3
    beijos.
    http://lugaaraosol.blogspot.com.br/

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