Olá pessoal.

Hoje trago para vocês a entrevista que nós do "Behind the Words" fizemos com o autor do livro "Não deixe o sol brilhar em mim", o Evandro Ribeiro.

Sinopse do livro: Um garoto se muda para a casa do tio e faz amizade com uma estranha menina da vizinhança. Logo as pessoas que o perseguem passam a ser atacadas violentamente. Uma história de vampiros diferente, em que a fuga da solidão ultrapassa o limite do sobrenatural.

Para quem ficou curioso(a), não se preocupe, Sábado a resenha estará no ar aqui no blog com uma surpresinha para vocês. Aguardem-me. rs 
Como já dissemos anteriormente nós do "Behind the words" somos extremamente curiosos, então fomos conhecer um pouco mais sobre o livro e sobre o autor. Ficou curioso também? Então vamos "matar" essa curiosidade. rs



Olá, é um prazer tê-lo conosco!

Conte- nos um pouco sobre você:

Eu sou Evandro Raiz Ribeiro, tenho 48 anos e nasci em Recife. Aos 14 anos fui morar em Santo André no ABC paulista cidade que considero minha segunda terra natal. Em 1992, vim ao Japão onde estou até hoje.  Por vários motivos não voltei ao Brasil, mas pretendo voltar assim que for possível, isso agora está nos meus planos imediatos para o futuro bem próximo. As três coisas que mais gosto de fazer são: tocar guitarra (ainda sou muito ruim, pois não tenho tempo para estudar), assistir a filmes ( ninguém gosta de assistir comigo, pois sou muito chato. Assisto ao mesmo filme várias vezes e leio até os últimos créditos) e ler. Leio muito, não tenho frescura. Spoilers não me apovoram, pois todos os livros que tenho já os reli no mínimo 5 vezes. A cada nova releitura, sempre encontro algo novo.  A leitura para mim é sempre um prazer.  

Quando surgiu a sua paixão pela literatura?

Aprendi a ler aos 6 anos de idade e daí em diante não me recordo de nenhum momento em que não estivesse lendo alguma coisa. Era visitante assíduo da biblioteca das escolas por onde passei e da livraria das edições de ouro, onde conseguia bons livros a preços acessíveis. Li de tudo, começando com o nosso grande Monteiro Lobato e o seu sítio do pica-pau amarelo. Todo o ciclo da cana de açúcar de José Lins do Rêgo.  Gostava de todos os nossos autores nacionais, mas também não deixei de apreciar os estrangeiros.  Júlio Verne, Alexandre Dumas, Edgar Alan Poe entre outros.

Qual seu gênero literário preferido? Por quê?

A princípio, pensei em responder que meu preferido seria o épico,  seguido do dramático e por último o lírico. Mas pensando bem, não seria verdade pois gosto de todos. O que importa realmente é o que foi escrito.  È bem verdade que deixei o lírico por último por não ler muito poesia. Mas fiquei impressionado com a tradução de  “O corvo” de Edgar Allan Poe feita por Fernando Pessoa. Nem sei o que dizer sobre  Ferreira Goulart, Carlos Drummond de Andrade ou um Patativa do Assaré. O bem certo é que minha última opção para o lírico, vem de sua complexidade e da dificuldade que eu teria em tentar escrever alguma coisa nesse gênero. Já nas subclassificações onde encontramos os romances de mistério, terror, policial, fantasia entre outros, eu quase que me vejo tentado a fazer uma escolha.

Como e quando decidiu escrever?

Por gostar de ler, eu sempre pensei em escrever alguma coisa. Mas, sempre achava muita dificuldade. Por várias vezes esbocei alguma idéia e passava para o papel, mas quando lia achava tudo muito fraco demais, sem consistência e jogava fora.

Você se inspirou em alguém ou em algo para escrever seu livro?

Apesar de ter dito anteriormente não ter um gênero específico como favorito, li praticamente todos os livros de Agata Christie, ela escreveu mais de 80 livros. Além disso, o autor de histórias fantásticas que mais li, foi Stephen King que com certeza me influenciou na história que escrevi.  Gosto muito do terror psicológico de Poe e do gótico de Lovecraft, autores que extraíram de suas vidas atormentadas influências que deram a suas obras tons totalmente pessimistas.  Não poderia deixar de citar o clássico “Drácula” de Bram Stoker, ou os contos de Sheirdan Le fanu  que inspiraram Stoker em sua obra.

Como surgiu a idéia de escrever "Não deixe o sol brilhar em mim"?

Sou aficcionado  também por filmes, e um dia desses em 2009, li uma sinopse sobre um filme chamado “Let the Right One In” do diretor sueco Tomas Alfredson baseado na obra do escritor também sueco John Ajvide Lindqvist com título em português “Deixe ela entrar”.  Assisti ao filme, que não tinha tradução para o português e nos dias que se seguiram fiquei completamente alucinado, precisei escrever o que se passava em minha cabeça.  Usei o mesmo tema do filme, o encontro de um garoto maltratado em casa e na escola com uma menina que é um vampiro. Mas, a história em si é totalmente original pois me baseie em muitos acontecimentos da minha infância.

Como foi sua trajetória de lançar o livro?

A trajetória para lançamento do meu livro ainda está em seu início.  Pois, não só no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo a vida não é fácil para escritores iniciantes.  Não culpo os editores, pois fico imaginado a enxurrada de originais que devem receber e a dificuldade em ler e separar o joio do trigo. Ninguém em sua sã consciência vai embarcar em um navio sem ter a plena certeza de não se tratar de uma barca furada. Além disso, nada pode garantir por mais confiança e cuidados que se possa ter tido, que o nosso trabalho não passe de um belo “joio”.  Eu como autor, tenho muita dificuldade em avaliar minha própria obra.  A gente fica aguardando que nosso trabalho caia nas graças dos leitores. E aí  começa a problemática, a falta de leitores que está diretamente ligada a melhorias na educação, o que já é um problema social.   Mas, o importante é não perder as esperanças. Enquanto espero que alguma editora se interesse por meu trabalho, vou aproveitando para lapidar a história eliminando os erros e defeitos que vou encontrando ou que me vão sendo indicados.  

Você está escrevendo algum livro atualmente? Se sim, conte-nos um pouco sobre ele.

No momento ainda não estou escrevendo nada. Mas, tenho quatro projetos que pretendo inciar assim que possível. Por morar no Japão, gostaria de escrever alguma coisa sobre o nosso dia-a-dia. Há muita coisa que as pessoas desconhecem. Ainda hoje as pessoas pensam, inclusive muito imigrante por aqui, que o Japão é um lugar onde se vem trabalhar; se junta um pé de meia e depois se volta ao Brasil cheio de dinheiro para curtir a vida. Isto nunca existiu, a vida no Japão tem algumas comodidades para quem fica por aqui. Entretanto, a vida é dura, o custo de vida e os impostos altos. Não há espaço para se viver normalmente e fazer uma boa economia. Mas, mesmo os brasileiros que aqui estão ainda não descobriram isso. Gostaria de escrever uma história fictícia contando isso e muitas coisas interessantes da vida dos dekasseguis no Japão.
Planejo também escrever um livro que seria intitulado assim “ Japonês para o dia a dia” . Quando pretendi vir ao Japão, os cursos de japonês que encontrei no Brasil ensinavam um japonês para viagem. Não serviram para praticamente nada quando aqui cheguei.  Tenho também a idéia de mais uma história sobrenatural e uma história de suspense. Mas, tudo ainda são idéias e estou decidindo o que farei primeiro.

Quais dicas você dá para quem começou a escrever agora?

A dica é: leia bastante, estude técnicas de redação e de construção de ambiente e personagem (essencial para quem vai escrever ficção). Revise constantemente o que escreveu e peça para que pessoas leiam e opinem sobre todos os pontos falhos que encontraram. Não tenha dó de apagar e reescrever o que for necessário. Quanto à publicação, a história é outra. È sabido que grandes escritores do passado tiveram suas obras recusadas, no presente e futuro isso vai continuar a acontecer. O importante é nunca desistir de divulgar seu trabalho. Existem livros excelentes, bons, razoáveis e os ruins. Independente da qualidade, quem decide se um livro vai ser um best-seller ou vai ficar encalhado, são os leitores. Mas, esses leitores só podem avaliar o trabalho depois de tê-lo comprado. O que nos remete ao princípio, ou seja, o importante é uma boa divulgação. Já que optamos pela árdua tarefa de escrever e concluímos nosso trabalho, o importante mesmo é não desistir jamais.

Obrigada por aceitar a parceria com o Behind the Words e por fazer essa pequena entrevista.


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